Cá dentro: Lisboa

 


Lisboa. Há uma história de amor entre nós. Lisboa é minha. É menina, é moça, é mulher, como eu. É luz, é rio de abraço largo, é familiar e anónima, lugar onde te ligas e desligas, onde se vive e se deixa viver, é um lugar de liberdades: da tua e da minha. Mal posso esperar para me encontrar de novo com ela, logo que puder, para respira-la sem máscara. 

Há poucas coisas que sei, mas estou segura de que os meus maiores passos e transformações até agora foram aqui, testemunhados por esta cidade, com dificuldade, com dor, mas com superação e crescimento, com gratidão pelas oportunidades que nela encontrei, pelas raízes que fui criando, pelas pessoas que conheci. 

Lisboa não é fácil, é genuinamente um sítio desafiante, mas se medires forças com ela, se tiveres coragem para isso serás recompensado. Em Londres, eu tinha saudades de Lisboa; quando estou pelo Norte, eu tenho saudades de Lisboa... Posso ir a muitos lados, posso prolongar-me aqui e ali, mas é o regresso a este lugar que antecipo. 

Às vezes penso, há lugares no mundo que idealizamos, que colocamos num pedestal, para os quais desejamos partir apaixonados, deixando tudo para trás. Lisboa já foi esse lugar. Já foi ideal, já foi fantasiada, já foi aventura apaixonada. Agora, só lhe reconheço o belo porque lhe descobri a sombra, porque deixei que ela caísse do seu trono e que me desiludisse, me frustrasse, me entediasse, me confrontasse comigo mesma, e assim, a par e passo, fui deixando que me desvendasse. 

A leitura de posts antigos neste blog é prova disso. Às vezes apetece-me apagá-los. São reveladores demais, mas também são corajosos - um olhar atento, vê a tempestade interior daquele dia em que o assinei. Talvez se fizesse bom tempo cá dentro, eu não os tinha escrito. Talvez se eu conseguisse desfrutar da luz de Lisboa, dos teatros, do Bairro Alto, da Mouraria, do Castelo, dos Miradouros e da lista de todas as coisas maravilhosas de Lisboa, repito, talvez se eu nessa altura conseguisse desfrutar disso tudo, eu não tinha conseguido escrever o que escrevi. Não sei... Talvez se eu tivesse fugido para outros lugares à espera que o mau tempo passasse, eu não estaria por aqui a escrever-vos isto agora.

Tudo passa... Prometo. E são as crises que separam os amadores da cidade e da vida, dos profissionais e conhecedores da cidade e da vida.

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