Disse-me: "quase me esqueci
que tínhamos este encontro marcado..." ao que lhe respondi: "que bom!" Logo de seguida desculpou-se: "não estou a desvalorizar as minhas consultas
consigo e nem a sua ajuda, mas tem sido mais fácil ultimamente... Esta semana
pensei pouco no que se passou, no passado.... Quando me lembro de mim, daquela criança, o que mais queria era poder regressar para o pé dela,
fazer-lhe companhia. É isso. Eu gostava de viajar no tempo para poder fazer
companhia a mim mesma, quando era pequena, bem pequena. Custa-me estar aqui e deixá-la sozinha lá, nesse tempo.
Brincava sozinha, tinha
poucos amigos.... Deve ter sido por isso que virei atriz! Não faz ideia dos
amigos imaginários que criava, eram tantos... Escrevia cartas também. Estava
tão acompanhada na minha fantasia. O tempo passou e hoje já não tenho amigos
imaginários. Tenho a solidão, e quem me dera que fosse imaginária. Mas não é.
Mas estava a dizer-lhe.... Tenho pensado mais no futuro. Há pessoas que se têm
aproximado de mim, pessoas diferentes, que não me querem resgatar dessa solidão
para um lugar cheio de ruído, que não esvaziam a vida delas no meu próprio
vazio, sem respeito nenhum. Respeito. Sabe, é isso! Respeito. Hoje respeito a
minha solidão. Tenho limites. Não são fixos. São porosos. Deixo passar quem me
respeita - como mulher, como gente.
Não quero culpar
ninguém. Talvez eu arrastei coisas, situações e pessoas, porque eu
própria não estava bem. Já chorei a vítima que achava que era e ao chorar tudo
transformei-me pelas lágrimas e pelas palavras: de vítima a responsável. Hoje vim cá
e falo do futuro, de sonhos e projectos....
Sem comentários
Publicar um comentário