“Em apenas cinco
minutos e depois de observar e ouvir um casal (em laboratório) posso prever se este se divorciará
ou não, tendo acertado em 91% dos casos.”
Num dos seus livros, há uma passagem – séria, mas com
aquele tom humorístico que tanto me seduz – sobre o eterno
conflito que podia ser mais ou menos intitulado assim: “à
nora com a sogra!”
Diz Gottman que no
centro desta tensão entre a nora e a sogra está uma batalha entre duas mulheres pelo amor do mesmo
homem.
De um lado, temos a esposa que com um olhar desafiador, interroga silenciosamente o marido:
"mas
afinal em que família é que tu realmente estás?
E do outro lado temos a mãe que
pergunta exatamente o mesmo!
O homem, por sua
vez, só deseja que as duas mulheres se entendam!
Ele ama as duas e não
quer ser confrontado com uma escolha. Tudo isto é ridículo para ele! Afinal,
ele tem uma lealdade e uma história com cada uma e só pode honrar e respeitar
ambas. Tal coloca-o no papel de pacificador ou mediador, o que invariavelmente só
piora a situação!
Um outro psicólogo, Bowen (1978) lembra-nos que ao longo de seu ciclo vital, a
família desempenha duas tarefas complementares: ao mesmo tempo que cria
o sentido de pertença, também promove a diferenciação de
seus elementos:
"eu pertenço à minha família, mas sou adulto, competente e diferenciado dela para iniciar uma nova família."
O funcionamento familiar saudável é alcançado, portanto,
quando essas duas forças divergentes - a força de ligação emocional a um lugar e a força de
aquisição da individualidade e de diferenciação em relação a esse lugar - encontram um equilíbrio.
Ora, queridos maridos deste mundo, homens diferenciados, adultos e competentes, voltemos a Gottman e à proposta de solução do conflito entre a nora e a sogra:
Gottman sugere que o marido deve passar a mensagem à sua família de origem que a
sua esposa realmente vem em primeiro lugar. Ele é marido primeiro, e filho
depois. Os sentimentos da mãe podem ser feridos. Mas eventualmente ela
ajustar-se-á à realidade que a unidade familiar do seu filho, onde ele é o
marido, tem precedência para ele sobre todos os outros. É absolutamente
crítico para o casamento que o marido seja firme nesta posição, ficando do
lado da sua esposa e não no meio.
(E parece-me que depois de escrever isto todas as possíveis sogras já não vão muito à bola comigo, para não falar que já estou automaticamente desqualificada da segunda edição daquela porcaria de programa: "quem quer casar com o meu filho." Que chatice!)
Fotografias de Pedro Maria
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