A primeira coisa que eu faço quando ouço uma história é desconstruí-la! Há engenheiros de histórias incríveis por aí fora. Eu sou actriz e adoro um bom conflito, uma boa trama, mas tenho este advogado de vigilância que brinca ao meu ouvido, dizendo:
- Inverte o que te disseram! Questiona! Não decores esse guião. Acreditas em tudo o que te dizem? Não sejas burra!
Isto vale para tudo. O advogada farta-se de trabalhar sobretudo quando a história começa com a frase:
"Diz que disse...."
Eu adoro palavras, brincar com elas, escrevê-las, mas também gosto de calá-las. Facilmente as palavras nos roubam o descanso. O escritor Javier Marias diz-nos mais ou menos assim: " cuidado com o que dizes e a quem dizes e cuidado com a fase de vida daqueles a quem contas a tua história." Põe a mão na água. Vê se está morna. Podes receber uma resposta carregada de emoções que não esperavas e que nem pediste. Podes receber a mesma história misturada com outras que nem conhecias, que nem te interessam e que só te vão confundir.
Cala-te.
Silêncio. Gosto tanto daqueles que me sabem ler no silêncio. No silêncio que juntos respiramos e naquele... no outro... no digital... no das mensagens, dos comentários, dos likes...
À excepção das histórias de ficção onde raramente alguém se cala e onde todos se embrulham num diz que disse... À excepção dessas, prefiro os filmes mudos da vida real.
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