Confusão de semifusas reais e de ficção....




Falava sobre a minha personagem, a Sílvia, na novela Jogo Duplo e ocorreu-me este pensamento.

- Aceito papéis mais pequenos na ficção, mas não na realidade!

Sabem quando somos pequenos e figurantes na vida de alguém? Nem merecemos uma queixa na polícia se formos roubados dessa mesma vida. E mesmo com a participação do roubo, seremos definidos como um "furto bagatela", excluído, como tal, de tipicidade penal, dizem eles. 


Na ficção é diferente..

Na ficção namoras com câmeras, com tábuas de palco, com pontas soltas de texto, com silêncios. Silêncios um dia interrompidos por  cérebros, que no seu sono R.E.M,  escrevem mais meia dúzia de pontas...  

Cada vez melhores. Cada vez maiores. 

E a história desenvolve. 
O figurante cresce. 
A câmera fica ali mais dois segundos de tempo nacional. 
Dás o teu melhor silêncio. 
Ouves e cumpres.
 Choras, mas em casa. 
Calas-te. 
Fazes uma dieta de palavras, de palpites, de graças, de opiniões. 
Foi um conselho. Bom conselho
Ouves e cumpres outra vez. 
Esqueces o talento. 
Esqueces o que mereces. 
Não mereces nada. 
A vida não te deve nada. 
Nadinha. 
Embrulhas a lógica do merecimento e do talento. 
Trabalhas a ponta. 
Mais que Shakespeare. 
Porque é um nada que para ti vale tudo. 
E vê-se. Sente-se mais. 
A paixão contida. 
O perigo de abanar o espumante. 
Está ali. Dentro de ti. 
Andas à chuva de um grande temporal.
 O teu temporal. 
Finges que não. 
Que faz bom tempo. 
Choras mais. Em casa.
É sanguíneo. 
É honesto. 


Na ficção nenhum papel é bagatela. Vou à polícia e faço queixa. Vamos a tribunal.
 Posso amar só e fico bem. 
Não preciso da reciprocidade de ninguém. 

Nas histórias reais... ponta solta és, ponta solta serás. Mesmo que o contracto seja bom. Lê bem as letras miúdas do que assinas. 
Lê bem se vais ganhar apenas uma troca de tempos curtos. De semifusas. 1/64 é o valor do tempo de uma semifusa. Está lá escrito. Nem precisas de saber nada de música. Decora esse valor.

Não assines.

Vai ser maior que pequena, vai valer mais que 0.015625 do tempo de alguém. Vai ser protagonista de uma série que não tem prazo de validade. É possível. Anos e anos de escrita diária. 

 Mais ou menos como dizia aquele professor de piano... 

- Concentra-te e começa. No momento que começares, já não podes parar!

(Passados segundos ou minutos... )

Já me arrependi de ter começado. Preciso de parar.   Isto está uma porcaria.

-Não recomeces! Não pares...  Continua... Toca... Acaba... Aguenta até ao fim! 

....

Não contra argumentes. Não vale a pena. Pela tua cara já percebi tudo...
Tens razão. 
Eu sei que não aguentarias ouvir três andamentos de uma sonata mal tocada até ao fim.
Eu sei que há 0.015625 de tempo que valem mais que o tempo todo...  



Afinal assinaste, não foi?








1 comentário

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© Chez Lili

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