Para quê tanta pressa?




Ontem fui ao lançamento da linha de maquilhagem Mark, a nova linha de maquilhagem da Avon, e nisto, cheguei a casa com uns pensamentos nos dedos prontos a teclar.... Uns pensamentos que tudo ou nada parecem ter a ver com o tema "maquilhagem", mas que partiram de uma frase solta, de uma ponta solta deixada numa conversa naquele evento.

"Não me apetece viver com ninguém, o que me apetece é arranjar-me e maquilhar-me para alguém. Isso... Apetece-me alguém que me venha buscar a casa!"

Esta frase misturou-se com outra história de outra mulher - meia ficção, meia realidade - que apanhei noutra conversa de chá. 

Sim, entre chá e um bolo que ela própria prepara para me receber, ela contava-me do quanto gostava de voltar do trabalho e de sentir a casa vazia. Tomava um café, um duche, fumava um cigarro e ficava ali, quase sem fazer nada, na companhia do próprio cansaço à espera do marido que chegava sempre uma hora mais tarde. 

Achei-lhe graça. 

Ela casou após dez anos de namoro e durante todo esse tempo eles nunca tinham vivido juntos. Ora ela vivia com as amigas dela e ele vivia com os amigos dele nos tempos de faculdade, ora ela vivia com os pais dela e ele com os dele antes e após o curso. Passavam férias juntos, iam ao cinema juntos, estudavam juntos até, mas só começaram a partilhar o mesmo tecto uns meses antes de casar. 

Ela namorou muito e namorou muito devagar. 

Ela não teve pressa de juntar as escovas de dentes e de passar a dormir todos os dias na mesma morada com ele; não teve pressa para partilhar desarrumações e humores, momentos tediosos e conversas triviais; ela não teve pressa que ele a visse chegar a casa do trabalho, cansada e oleosa, com vontade de não ouvir, sequer, as penas do canário do vizinho; ela não teve pressa que ele descobrisse a forma como ela resolvia a preguiça de cozinhar - com papas Cerelac que ela comia no sofá enquanto revia no YouTube 
uma novela das oito dos anos 90 - lembram-se das Mulheres de Areia com a Glória Pires? Era a história de amor do Marquinhos e da Rutinha; o Marquinhos amava a Rutinha mas passou os trezentos episódios a confundi-la com a irmã gêmea, a Raquel.... Uma confusão bem mais interessante que a nova saga dinamarquesa que passara na RTP2 e da qual toda a gente falava.

Ela gostava de ouvir o carro dele chegar, de ler a mensagem dele:
 "Cheguei!". 
Ela não tinha pressa de perder isso.  Não tinha pressa de perder as mensagens de pressa dele:

"Despacha-te!" 
"Estamos atrasados!"

....

Depois de muitas reticências nervosas, de já terem perdido o início de todos os filmes do cinema, ele perdoava-a sempre no momento em que ela abria a porta do carro e se desculpava como uma criança que chegava atrasada à escola. 

Como poderia ela ter pressa de perder aquele momento?

Aquele namoro sem tecto chique, sem desejos de consumo de alianças e crianças, era o tempo todo que ela precisava para ter a certeza que era ali que ela estaria bem todos os dias, talvez para sempre. 

Para quê tanta pressa? 









2 comentários

  1. Os novos batons da Avon são lindos, também fui ao lançamento (e vi-te por lá). Às vezes uma simples frase pode dar lugar a uma grande história.
    beijinhos
    Blog Beleza Feminina

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    1. São muito bonitos, sobretudo os tons avermelhados. Os meus preferidos! Obrigada por leres e pelo teu feedback! Também me lembro de ti. Vamos ver se nos encontramos numa próxima oportunidade! Um beijinho e boa primavera:=)

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© Chez Lili

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