Tinha escrito na minha agenda:
Sexta-feira
Avenida da Liberdade, 36 C, Lisboa
10.30
Fotógrafo: Pedro Mendonça
Fui noiva das dez da manhã às três da tarde. Já tinham preparado uma selecção de vestidos para eu fotografar, mas eu não resisti e tive mesmo de fazer o pedido da praxe:
- Dona Maria do Carmo, será que eu posso fotografar com o vestido que eu escolheria para me casar hoje, já, assim de repente, nesta sexta-feira?
- E qual é o vestido que escolherias?
- Este! Não sei porquê, mas seria este.
- Fizeste uma escolha campestre, bucólica. Vamos fotografar com este então!
Bucólico e campestre...
Pronto, aqui está o gatilho para começar a imaginar o meu casamento, algo que nunca fiz. Se não tivesse limites no orçamento inspirava-me nas fotos do casamento da Kate Moss com o Jamie Hince saídas na edição de Setembro de 2011 da Vogue Americana. Nem precisava de ser muito original. A Kate já pensou em tudo por mim. Convidava as mesmas pessoas e tudo. O Testino, o Law (Jude Law)...
Bucólico e campestre...
Pronto, aqui está o gatilho para começar a imaginar o meu casamento, algo que nunca fiz. Se não tivesse limites no orçamento inspirava-me nas fotos do casamento da Kate Moss com o Jamie Hince saídas na edição de Setembro de 2011 da Vogue Americana. Nem precisava de ser muito original. A Kate já pensou em tudo por mim. Convidava as mesmas pessoas e tudo. O Testino, o Law (Jude Law)...
Eu sempre pensei no casamento como uma oportunidade para celebrar uma relação, uma história especial com alguém que amamos.
Para mim, casar significa dar um laço e cuidar, calma e atentamente, para que o laço não se transforme num nó.
Amor, companheirismo, admiração, protecção, confiança, liberdade, química (como uma amiga minha me disse recentemente: "No fim do trabalho, eu corria para chegar a casa, só para lhe dar um abraço!").
Tudo isto seria a combinação ideal para vestir o meu vestido bucólico, um dia.
Comecemos com a minha escolha então para mais tarde partilhar convosco as outras escolhas da Amour Glamour.
Presságio
O AMOR, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
Quando Eu não te Tinha
Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza ...
Tu mudaste a Natureza ...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza ...
Tu mudaste a Natureza ...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Só me arrependo de outrora te não ter amado.
Alberto Caeiro
linda linda linda :)
ResponderEliminarBoa escolha :) pretty pretty <3
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