O fim-de-semana foi assim...

Em vez de fotos na areia, de bikini, deitada numa toalha a desidratar, com o corpo besuntado numa mistura qualquer de protector solar e de areia e numa  posição desconfortável para disfarçar a celulite, mas perfeita para aquela foto do Instagram, eu  partilho com vocês fotos de um fim-de-semana diferente.

Andar e andar... pelo parque, pela floresta, pela mata fora. Passear o cão e conversar. Cansar-me o suficiente para logo depois merecer um hamburger com batatas fritas num pub na vila de Weybridge. 

- Como deseja o hamburger? Muito bem passado ou médio?

- Nem uma coisa nem outra. Desejo-o muito mal passado, por favor.

- Desculpe, mas é ilegal servir mal passado. 

-Ai sim? Então... Médio... mas o mais próximo possível do mal passado, o mais próximo possível da ilegalidade, por favor.


E assim foi. Não tirei foto ao hamburger para não comprometer o meu registo criminal. 
O senhor acabou por me servir o hamburger mais mal passado que comi até à data. Que delícia de hamburger! Bem dizem que o fruto proibido sabe melhor. Claro que o senhor que me serviu não era inglês, mas sim espanhol! Um Inglês não corria tamanho risco de infringir a lei e servir um hambúrguer mal passado, quase vivo.

Engraçado foi perguntar-lhe: 

- Como se chama?
- José! 
-José? De onde é?
- De Espanha! Valência!
-Nós somos de Portugal! Há quanto tempo vive em Londres?
-Oh... Tu nem eras nascida quando eu cheguei cá! Cheguei nos anos 60! 
-Uau. Tantos anos. Gostou mesmo de Londres.

E o senhor José respondeu:

- Well... It´s too late to say no! 
(Ou... Agora é tarde demais para dizer que não gosto disto! )

A minha companhia nas fotos é a Pat e o seu cão, a Molly! 
Adoro a Pat! A Pat ensinou-me Shakespeare, ensinou-me a interpretar Shakespeare, ajudou-me nos mil monólogos que tive que preparar para as audições. É um ser humano incrível, com uma bondade, uma simplicidade e uma energia contagiantes. Apesar de ter viajado e vivido pelo mundo fora, Portugal incluído, é fantástico ouvir a forma apaixonada como a minha amiga fala de Londres, da sua cidade de eleição.

 Quando ando zangada com Londres, a Pat lembra-me do quão espectacular esta cidade é. Lembra-me de como eu era quando cheguei e de como sou, do quanto cresci. 

Apesar de sentirmos que o nosso coração pertence a outra terra, nunca devemos deixar de nos sentir agradecidos ao lugar onde realmente estamos, a tudo o que nos proporcionou. 

No mês passado o meu pai fez anos, este mês a minha irmã fez anos, a minha afilhada fez anos, o meu primo foi baptizado e no próximo mês o meu primo vai casar e o meu sobrinho faz anos também, em novembro a minha madrinha celebra as bodas de ouro... a minha amiga Ju de adolescência celebra 30 anos em breve, e muitas outras coisas vão acontecendo. Momentos como estes acontecem na vida de todos, por isso é fácil chegar a Londres e, eventualmente, partir....  para estar mais perto do que vamos perdendo.

Já perdi a conta das pessoas às quais tive que dizer adeus aqui em Londres. Uma das minhas melhores amigas mudou-se para as Caraíbas e pelo caminho outros contactos também foram deixando Londres. Londres tende a ser  uma cidade de passagem e viver nela muito tempo implica aprender a dizer adeus, implica viver num luto constante, pois os amigos que vamos fazendo vão partindo. 

 A Pat é um pedaço de família aqui em Londres. E todos os que estão longe merecem conhecer uma Pat, merecem ter uma Pat perto deles que lhes dê uma sensação de família numa terra que não é a deles, que não é de ninguém.

Um abraço! 











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© Chez Lili

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